quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Quando na véspera nasce um neném...


Quando na véspera

nasce um neném,

A casa pára

Tudo pára

Para o neném

São baixadas as vidraças

São fechadas as portas

Tudo para o neném

Esta noite

Nasceu um neném

A nossa casa pára

Para este neném?

Não estamos nós

Pelo contrário hoje

Escancarando todas as vidraças?

Por onde passa

Todo o vento do mundo?

Vento de raiva

Vento de competição

Vento de violência

Vento de conspiração

Contra a irmã, o irmão

Contra a natureza

Contra a vida... ?

Quando na véspera

nasce um neném

A família pára

Tudo pára

Para o neném

São esterilizadas as roupas

São purificadas as louças

Tudo para o neném

Esta noite

Nasceu um neném

A nossa família pára

Para este neném?

Não estamos nós

Pelo contrário hoje

Neste dia de Natal

Sujando todas as roupas

Lambuzando todas as louças

Num banquete todo especial?

Como manda o natal comercial?

Banquete de luxo

Banquete de sobra

Banquete pro lixo

Gente vira bicho

Quando no Natal

Deus se faz gente

Pra gente

Ser mais gente...

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

... E os nascimentos hoje?

Numa casa segura

É fácil sentir segurança

E se a nossa casa

Não fosse uma casa

Como é a nossa casa

Que tal uma estrebaria?

Como seria???

Num berço quente

A gente sente

O quanto é bom viver

E ter a sorte

De ter berço

Que tal o coxo do terneirinho

Pra ser o teu berçinho?

Num quarto fechado

Com ar condicionado

Não tem calor nem frio

Já viu o frio soprando

Entrando pela fresta?

Que tal as tábuas

Separadas de galpão?

Não!

Isso não é só coisa do Natal de Jesus

É coisa do Natal, do nascimento

De milhares e milhares

De crianças hoje

O mundo continua assim

Igualzinho

Pobrezinho

Enfim

domingo, 16 de dezembro de 2007

Reconciliação

(Esta vai à pedido de Carla e Siegrid Löblein, distantes de mim agora... Saudade dos tempos de Iraí! Saudade de vocês!)


Quebrou-se o braço

Que abraçava o todo?

Rasgou-se o laço

Que enlaçava tudo?

Rompeu-se o vínculo

Que vos vinculava

Que veiculava

O abraço amigo

O laço antigo

Que tanto segurava

E abraçava

E enlaçava....?

E daí?

Quebrou?

Cola!

Rasgou?

Enrola e ata!

Reata relações!

Resgata emoções!

Desata tensões!

E enlaça de novo!

Abraça!

Que promessa é essa!

Que promessa é essa

Que mais parece

Promessa demais?

Rei justo?

Se justo o rei

Eu sei

Que não é justo!

Que promessa é essa

Que mais parece

Promessa demais?

Rei Salvador do mundo?

Se eu sei que o rei

Salva sua corte só

De sorte que o povo

Continua só um povo sofrido

Como sempre tem sido

Que promessa é essa

Que mais parece

Promessa demais?

Virgem grávida?

Se a vida me ensina

Desde menina

Que não é assim!

Enfim

Que promessa é essa

Que mais parece

Promessa demais?

Um Deus-menino?

Um menino-Deus?

Um divino-humano

Pra salvar

O mundo desumano

Imundo

Excludente

E doente?

Que promessa é essa

Que mais parece

Promessa demais?

Eu confio nela...

sábado, 15 de dezembro de 2007

A loucura do Natal


Presépio

É estrebaria pra gado

Manjedoura

É coxo pra pasto

No Natal

A estrebaria vira maternidade

O coxo vira berço

Loucura pura?

Loucura de Deus?

Ou loucura do mundo?

Loucura de Deus por vir

Criança excluída

Loucura do mundo

Por excluir

O próprio Deus

Loucura!

Natal é loucura!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

*

De olho

No pequenino

Menino da Palestina,

Nascido excluído, e sofrido

Tal qual tantos meninos e meninas

Desta excluída e sofrida América Latina

De olho

No pequenino

Menino da Palestina,

Tantas lutas nós já lutamos,

Tantas vitórias nós já celebramos

E tantas esperanças nós já alcançamos

De olho

No pequenino

Menino da Palestina

Também de olho fixo em sua cruz,

Que nos salva, que nos liberta, que é luz,

Nós celebramos o verdadeiro Natal de Jesus!

Feliz

Natal

(Lola,, no Natal de 2007)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Na andança

É a andança
Que define
A mudança
Se possível
Se viável

O viável
Só a andança
É que define

Não quer mudar?

Não anda!
Atraca!
Estaca!
Empaca!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Tem Caminho

Tem caminho
Pela frente
Tem caminho
Se a gente
Decidir ir
Tem caminho
E no caminho
Não se vai
Sozinha
Sozinho
Se vai com a vizinha
Com o vizinho
Porque sós
Não somos de nada
Na estrada
E tem estrada
Pela frente
Tem estrada...

domingo, 9 de dezembro de 2007


Sonho só
Só mesmo
O mesmo sonho
Tristonho sonho até
Até que o sonho
Se canse de sonhar?

Não passa o sonho
Que sonha realidades
Impossíveis
Inatingíveis
Irrealizáveis
Sonháveis só

Que dó!
Sonho só!

sábado, 8 de dezembro de 2007

Nuvem Branca


Nuvem branca

Floco de algodão

Que a imaginação

Transforma em formas

Tantas

Tantas quantas

Se desejar

Nuvem branca

Floco de algodão

Que o coração coloca

No sonho

Com carneirinhos

E passarinhos

Nos ninhos fofos

De flocos de algodão

De imaginação...

Por um acaso

É proibido imaginar?

Não é permitido sonhar

Com o impossível?

Com o inatingível?

Tudo é sonhável

Tudo é imaginável

Vendo aquela nuvem branca

Floco de algodão

Longe do chão

Longe da mão

Imaginação

Imagem – ação

Se sonha o sonho

Pra colocá-lo em prática

Eis a tática

Do impossível

Se fazendo possível

Do inviável

Se fazendo viável

Da nuvem branca

Floco de algodão

Vir pastar nos pastos

Aqui do chão

Transformada em carneirinho

Carneirinho-imaginação

O Sonho


Se só se sonha o sonho

O sonho

Só é sonho

Se se sonha o sonho

De verdade

O sonho

Se faz realidade

Sonhar

Só sonhando, não!

Sonhar

Vivendo!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

De cabeça erguida



É vendo a vida
Que a vida
Vai sendo vivida

É forjando as idéias
Que se forja ideologia

É falando a palavra
Que ela se impõe

É erguendo a cabeça
Que a gente fica de pé
E vai...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

A sinfonia do dia

(Lola)

Ao som da melodia
Que o dia toca,

Na troca de sinfonia
De cada nota
De cada tom...

Ao som do dia
Do passaredo
Do arvoredo
Onde o vento assovia
Em bom tom...

A alegria é que dá o tom

A pureza
Que a natureza irradia
É que alivia a tensão
Dos últimos dias
Das últimas semanas

Emana a paz
Tanto faz o que traz
O dia de amanhã

Ele traz paz
Se depender
Do som da melodia
Que o dia irradia

Beleza!
Salve a natureza!!!!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Não canto só!

Que se dane o canto

Se nem o canto dos passarinhos

Me encanta mais.

Daqui, do meu canto

Espanto até

O canto do galo

Falo!

Grito!

Apito!

Mas não canto.

Não canto

Enquanto não tiver

A tua voz

Pra nós cantar à dois

Depois...

Haja voz!

Vem!

domingo, 2 de dezembro de 2007

Rosas, Lazer e Prazer


(Lola, nos anos 80)

Me disseram que as rosas não contam
Não contam porque nem espantam o frio
Nem matam a fome
Me disseram que as rosas são supérfluas
E que por isso
Não é preciso o povo ter jardim
Pra poder planta-las
E nem um salário suficiente
Pra poder compra-las

Me disseram que o lazer não conta
Não conta porque nem espanta o frio
Nem mata a fome
Me disseram que o lazer é supérfluo
E que por isso
Não é preciso o povo ter tempo
Pra poder curti-lo
E nem direitos
Pra poder exigí-lo

Me disseram que o prazer não conta
Não conta porque nem espanta o frio
Nem mata a fome
Me disseram que o prazer é supérfluo
E que por isso
Não é preciso o povo ter condições
Pra poder vive-lo
E nem sabedoria
Pra poder valoriza-lo

Me disseram tanto, tanto
Mas não me provaram nada

Pra mim
Continua assim
Que também as rosas
O lazer
E o prazer
Espantam o frio
E matam a fome
O frio de uma vivência inerte
E a fome por uma vida abundante

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Pés no chão


Pés no chão
Na contramão da vida
Na ida e na volta
Sem volta...

Não tem volta!
Pra viver
E conviver
E bem-viver
Sobreviver
Tem que ser
Com os pés no chão.

A cabeça nas nuvens, sim
O sonho, nos céus
Mas os pés no chão
Se não...
Nada feito direito

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Desde Menina...

Desde menina,
fazendo poesia...
vivendo poesia
forjando a poesia na vida
forjando a vida em poesia


Meu
campo de pesquisa:

a vida das comunidades,
dom de Deus

Minha inspiração:
a natureza,
proeza de Deus

Meu sonho:
Um mundo igualitário
E solidário,
vontade de Deus

Minha vontade:
Que a poesia que faço
Possa fazer mais
Em mais vidas
Por mais vidas
Com mais vidas...
Quero
A Vida em Poesia...

Esta é a minha poesia




(Lola)


Eu já disse tanta coisa
Que jamais eu diria
Se não fosse em poesia
E só disse direito
Porque foi do meu jeito
Porque foi em poesia

A poesia vem e vai
Nem bem vem uma
Já vem mais alguma
Sempre pra dizer direito
Do meu jeito
Às vezes sem jeito
No meu dizer sentindo
No meu sentir dizendo
Não entendendo nada
Às vezes
Mas sentindo tudo
Sempre

Me dando a conhecer
Deixando ver
O que nem é
De se ser
Deixando sentir
O que é de se intuir
Mas sempre do jeito
Que a vida diz

Poesia feliz
Poesia triste
Porque a tristeza
Também existe
E é a existência da vida
Que me assiste
No meu fazer poesia
No meu dizer
O que vai além
Do dizer

Isso é poesia
Assim sinto

Sinto muito!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

domingo, 25 de novembro de 2007

Pedaços

Pedaços...

Despedaça
Um pedaço da vida
De sofrida que é
Quando um pedaço
De um todo
Sae de todo
Sae de tudo

Fica o todo
Todo em pedaço
Porque um pedaço
Não é mais parte
Não faz mais parte
Nem em parte

Parte o coração!

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Preciso de ti, guria!

Preciso de ti, guria!

Às vezes,

Aliás,

Muitas vezes,

No preciso dia

Em que precisas de mim!

Preciso de ti, guria,

Como confidente

Como ouvinte

Como gente

Que precisa da gente

Preciso de ti, guria

Pra prosseguir

De cabeça erguida

Sabendo que é assim

Que também precisas de mim

Preciso de ti, guria!

Lola

Se o chimarrão não existisse, eu o inventaria

Se

o

chi

mar

rão

não

existisse, eu o inventaria

como seriam minhas manhãs

sem a manha da cuia

no banho da pia

como seria

iniciar o meu dia

sem o dengo da bomba

querendo a mão envolvente

banhando-a na água quente

como eu poderia ter energia

sem sorver de mansinho

golinho por golinho

água esquentando

virando mate

arte

E o meu arremate:

Como faria poesia

Sem que o amargo do chimarrão

Entrasse em sintonia

Com o mais doce de mim

Pra que, enfim

Eu abrisse meu coração.

Pois é

Se o chimarrão não existisse

Eu o inventaria.

Lola

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Terra mãe

Terra

Parideira

Criadeira

Provedora mãe

Provedora de tudo

Da semente ao fruto

Frutificando a vida

Vivificando o fruto

To de luto, mãe

Por ti

Por mim

Pela humanidade toda

Toda organizada

Pra te agredir

Iludida!

Busca ficar “bem de vida”

E te mata, mãe

Terra mãe

Me alio a toda idéia

Que encaminha tua cura

Me abraço

A todo gesto

Que gesta tua vida

Me irmano

A toda luta

Que busca tua libertação

E estou feliz, mãe!

Porque há muitas idéias

Muitos gestos

Muita luta

E que Deus

Em sua graça

Nos ajude!

Lola

Demais

(28.12.06)

Mais

Que pensei

Bem mais

Que sonhei

Demais!

Mas quero mais ainda

Bem vinda, felicidade!

Saberei te ter

Saberei te ser

Te farei crescer

Dentro de mim

E em volta de mim

Bem vinda, felicidade!

Mais

Que pensei

Bem mais que sonhei!





Amargo e Doce


O amargo

Que madrugo

Sevando o meu chimarrão

É pra viver doce

Como se fosse

De contradição

Em contradição

Que a vida pudesse

Ser vivida.

E é.

É feita do amargo

E é feita do doce

É feita do chimarrão

E do mate doce

Erva mate e mel

Erva-doce e o fel

De um chá de losna

E se não fosse assim

Não caberia em mim

Tanto doce

Que tenho pra dar

Pra falar

Pra adoçar as amarguras da vida

As amarguras?

Preciso delas

Para adoça-las

E com a minha doçura

Impregnar de doce a amargura

As doçuras?

Preciso delas

Para amarga-las

E com a minha amargura

Impregnar de amargo a doçura

Contradição!

A vida é feita de contradição.

Oiiii! Que bom que estás aqui comigo. Valeu!

Oiiii! Que bom que estás aqui comigo. Valeu!
Muito obrigada pela visita. Volta!